A Air India considera receber 10 aeronaves Boeing rejeitadas por companhias aéreas chinesas

A principal companhia aérea da Índia está em negociações para adquirir dez aeronaves de fuselagem larga da Boeing que foram originalmente fabricadas para companhias aéreas chinesas, mas posteriormente recusadas, de acordo com fontes familiarizadas com as negociações, potencialmente acelerando os ambiciosos planos de modernização da frota da transportadora.
Oportunidade no Acúmulo de Produção
As discussões giram em torno das aeronaves Boeing 787 Dreamliner que foram produzidas para companhias aéreas chinesas, mas nunca entregues em meio a tensões contínuas entre Pequim e Washington e obstáculos regulatórios na China. Essas aeronaves estão no inventário da Boeing, criando uma oportunidade para a transportadora indiana adquiri-las potencialmente antes das entregas originalmente programadas.
De acordo com três fontes que falaram sob condição de anonimato devido à natureza confidencial das negociações, a companhia aérea indiana vê isso como uma oportunidade estratégica para acelerar a expansão de sua frota sem esperar na longa fila de produção da Boeing.
“A companhia aérea está muito interessada em adquirir essas aeronaves porque pode obtê-las muito mais rápido do que esperar por novos slots de produção”, disse uma fonte com conhecimento direto das discussões. “Os aviões já estão construídos e exigiriam personalização relativamente menor.”
A aquisição potencialmente permitiria que a transportadora indiana recebesse essas aeronaves de fuselagem larga anos antes do que ao encomendar novas, dado o atual acúmulo de produção da Boeing e os desafios da cadeia de suprimentos que têm desacelerado a produção.
Estratégia de Modernização da Frota
A potencial aquisição está alinhada com o ambicioso programa de expansão de frota da companhia aérea indiana anunciado no ano passado. Em fevereiro de 2023, a transportadora fez um pedido histórico de 470 jatos tanto da Boeing quanto da Airbus, incluindo 70 aeronaves de fuselagem larga. O acordo, avaliado em aproximadamente $70 bilhões a preços de tabela, representou uma das maiores compras de aeronaves na história da aviação comercial.
Se finalizada, a aquisição desses 10 Dreamliners 787 previamente alocados complementaria os pedidos existentes da companhia aérea e potencialmente permitiria acelerar a aposentadoria de aeronaves mais antigas em sua frota.
A transportadora indiana, que foi privatizada em 2022 após ser adquirida por um grande conglomerado indiano, tem trabalhado para revitalizar suas operações e recuperar sua posição como uma companhia aérea global líder após anos de dificuldades financeiras sob propriedade governamental.
Um analista da indústria observou que garantir essas aeronaves representaria uma vitória significativa para a companhia aérea: “Conseguir aeronaves de fuselagem larga rapidamente é extremamente difícil no atual ambiente de mercado. A maioria dos fabricantes está esgotada por anos, então encontrar aviões já construídos é como descobrir ouro para uma companhia aérea com planos de crescimento ambiciosos.”
Personalização e Cronograma de Entrega
De acordo com as fontes, se um acordo for alcançado, as aeronaves exigiriam alguma reconfiguração para atender às especificações da companhia aérea indiana, incluindo modificações internas e pintura na identidade visual da transportadora. No entanto, essas mudanças ainda permitiriam uma entrega muito mais rápida do que esperar por aeronaves recém-fabricadas.
“Esses aviões precisariam de algum trabalho para alinhar com os requisitos de configuração da companhia aérea, mas as modificações seriam relativamente diretas em comparação com esperar por nova produção”, explicou uma segunda fonte familiarizada com as discussões.
O cronograma exato para as entregas potenciais permanece incerto, mas as fontes sugeriram que a primeira aeronave poderia ser entregue em questão de meses após a finalização de um acordo, em vez dos anos tipicamente necessários para novos pedidos no atual ambiente de fabricação.
As fontes indicaram que as negociações estão progredindo, mas alertaram que nenhum acordo final foi assinado. Tanto a companhia aérea quanto a Boeing estão supostamente trabalhando nos termos comerciais, cronogramas de entrega e nas especificações exatas para as aeronaves.
Contexto de Mercado e Estratégico
O desenvolvimento ocorre no contexto de forte crescimento no mercado de aviação indiano, que emergiu como um dos setores de viagens aéreas de mais rápido crescimento no mundo. O tráfego aéreo doméstico na Índia tem crescido consistentemente a taxas de dois dígitos, enquanto a conectividade internacional continua a se expandir rapidamente.
Para a transportadora indiana, adquirir aeronaves de longo alcance rapidamente apoiaria suas ambições de expandir operações internacionais, particularmente para destinos na Europa, América do Norte e Austrália. A companhia aérea declarou planos de aumentar significativamente sua participação no mercado global nos próximos anos.
Enquanto isso, para a Boeing, encontrar novos clientes para aeronaves originalmente destinadas a companhias aéreas chinesas ajudaria a aliviar os desafios de inventário que impactaram o desempenho financeiro do fabricante. O fabricante de aviões americano enfrentou dificuldades para entregar novas aeronaves a transportadoras chinesas em meio a obstáculos regulatórios e tensões políticas entre os Estados Unidos e a China.
Observadores da indústria notam que esse tipo de transação – onde aeronaves alocadas para um cliente são redirecionadas para outro – tornou-se mais comum nos últimos anos, à medida que os fabricantes navegam por complexidades geopolíticas e demandas de mercado em mudança.
“A indústria da aviação está cada vez mais tendo que se adaptar às realidades geopolíticas”, comentou um consultor de aviação. “O que estamos vendo aqui é uma solução prática de negócios que pode beneficiar tanto o fabricante quanto uma companhia aérea com planos de crescimento agressivos.”
Nem a companhia aérea nem a Boeing forneceram comentários oficiais quando contatados sobre a potencial aquisição de aeronaves, citando políticas contra discutir negociações comerciais em andamento.
Se concluído, o acordo fortaleceria ainda mais os crescentes laços de aviação entre a Índia e os Estados Unidos, que se expandiram significativamente nos últimos anos por meio de compras de aeronaves e cooperação aeroespacial mais ampla.